terça-feira, 30 de setembro de 2008

Entendo a crise dos EUA

Entendendo a crise americana:

É assim: O “seu” Biu tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça “na caderneta” aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados.

Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os pinguços pagam pelo crédito).

Os clientes do “seu” Biu passam a usar o dinheiro da cachaça pra comprar DVD na loja da dona Maricota. O estoque acaba. Ela tem que pedir mais para o fabricante.

O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador formado em curso de emibiêi, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um “ativo recebível”, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento tendo o “pendura” dos pinguços como garantia.

Meia dúzia de executivos de outros bancos, mais adiante, concordam que aqueles tais recebíveis do banco do “seu” Biu vão ser pagos, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.

Esses instrumentos financeiros passam a ser considerados ativos dos próprios bancos e, ao serem negociados, alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do “seu” Biu ).

Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, e já ultrapassaram as fronteiras. Agora estão em mercados de 73 países.

A dona Maricota, dona da loja de DVDs, não tinha dinheiro para pagar a encomenda e pediu um empréstimo para o banco, o mesmo do “seu” Biu, que a esta altura, está “bombando”, afinal, nunca teve tanto giro. O gerente oferece mais um dinheirinho para dona Maricota que aceita, incluindo em sua loja outros artigos como escova de dentes elétricas, disfarçador de bafo de cachaça eletrônico etc.

Mas aí, algum chato descobre que os bêbados da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas… O banco cobra o “seu” Biu e o boteco vai à falência.

O banco do “seu” Biu tem que avisar os outros bancos, que são obrigados a retirar os títulos do mercado mas, para isso, têm que colocar o dinheiro de volta mas, já viu, né? Alguns bancos não têm dinheiro suficiente para honrar os títulos.

Os clientes da dona Maricota, agora bebendo em outro bar, não têm como pagar as prestações de DVD’s e outros itens absolutamente essenciais que compraram na época das vacas gordas.

D. Maricota quebrou, também, e não pagou o Banco do “seu” Biu, que não pagou os outros bancos e, por isso, quebrou e deixou todos na corda bamba.

Entendeu agora?


Vi aqui